Prevenir é mesmo a palavra-chave quando o assunto é manter a qualidade da visão. Uma pesquisa feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que mais de 161 milhões de pessoas no mundo têm a visão reduzida – das quais 37 milhões são cegas. Nada menos do que 75% das ocorrências de cegueira poderiam ter sido evitadas. No caso do glaucoma – o maior causador de cegueira sem cura no Brasil –, a prevenção é bem simples. O transtorno é provocado por um forte aumento da pressão ocular, que costuma ser propiciado por uma eliminação deficiente do humor vítreo, um gel claro que preenche a parte interna do globo ocular. A alta pressão destrói o nervo óptico e, em casos avançados, leva o paciente à cegueira irreversível. “A pressão intra-ocular pode ser medida com exames rápidos e indolores, assim como o estado da retina e do nervo óptico”, diz o médico Daniel Elies, responsável pela Unidade de Glaucoma do Instituto Oftalmológico de Barcelona, na Espanha.

No Brasil, estima-se que existam 900 mil pessoas com glaucoma. Como 80% dos casos não apresentam sintomas, não é raro que o paciente só descubra a doença quando a visão num dos olhos já esteja quase perdida. “Não se pode prevenir a chegada do glaucoma, mas sim a cegueira. Por isso, o diagnóstico precoce e a fidelidade no tratamento são importantes”, diz o oftalmologista Paulo Augusto de Arruda Mello, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Outro fantasma silencioso é a diabete – terceira na lista de causas de cegueira no Brasil. Mais de 10 milhões de pessoas sofrem com ela no país, mas só a metade sabe disso, afirma o endocrinologista Filippo Pedrinola. E tanto os que estão sem diagnosticar quanto os que recebem tratamento correm um alto risco de perder a visão se não forem acompanhados pelo oftalmologista.

O excesso de glicose no sangue engrossa as paredes dos delgados vasos que irrigam a fina membrana retiniana, o que os debilita e, em conseqüência, os torna mais propensos às deformações e fugas de sangue. Em alguns caso, aparecerá um edema que afetará rapidamente a visão. Em outros, a retina deixará de estar irrigada, o que desata o crescimento anárquico de novos capilares. Isso pode acarretar hemorragias e, às vezes, descolamento de retina. Essas lesões poderiam ser evitadas com o controle da diabete, a manutenção da pressão arterial em níveis normais e um exame oftalmológico anual.